segunda-feira, 28 de maio de 2012

Portimão, Cidade Historica e de Desenvolvimento


Com ocupação humana desde a pré-história, o território portimonense sempre soube fazer face às dificuldades que, ao longo dos séculos, assolaram o seu povo.

Na pré-história, quando pouco mais havia a fazer do que correr pelo mundo, recolhendo o que a natureza oferecia, os primeiros homens, reconhecendo as potencialidades desta terra, aqui se fixaram, sedentarizando, dedicando-se à agricultura, à pastorícia, à pesca e à apanha de bivalves.

Construíram necrópoles e monumentos funerários, ergueram menires e realizaram manufaturas, cujo testemunho chegou à atualidade.

Com o desenvolvimento humano, que possibilitou a partilha de conhecimentos entre diferentes povos, o território de Portimão foi visitado e ocupado por Fenícios, Gregos, Cartagineses e, muito provavelmente, Egípcios.

Contra todas as espetativas históricas, as lápides fúnebres que foram sendo encontradas ao longo dos últimos anos, parecem confirmar que, afinal, aqui teve origem o primeiro alfabeto, uma vez que os escritos Cunii são mais antigos do que a chegada dos Fenícios e, até, do que os mais antigos documentos ondem surge o alfabeto fenício.

Apesar desta abertura de Portimão ao mundo, conseguiu-se manter a individualidade local, presente em Alcalar, mas também em Ipses, a antiga povoação de Alvor.

Antes dos Romanos, aqui chegou Aníbal Barca, fundador de Portus Hannibalis, a cidade sepultada na zona da Mata da Rocha, que ficou a descoberto com o terramoto de 1755, mas foi rapidamente coberta com o regresso da areia, trazida pelo maremoto.

Os Romanos, se tomaram Ipses e Portus Hannibalis, não deixaram de tirar proveito desta terra, que elegeram como sua. Na Quinta do Amparo, na Coca Maravilhas, em Vale França, na Abicada, no Sítio da Baralha, no Sítio de São Francisco, no Vau, em Alvor e no centro da actual cidade, foram construídas “villas”, casas mais simples, fortificações e túneis.

Nos seus portos encostavam as grandes embarcações, que daqui levavam o garum, o murex, o azeite, o peixe em salga e os produtos agrícolas.

Como em qualquer outra cidade portuária, aqui teriam estaleiros navais, olarias, lagares de vinho e de azeite, tanques de salga e salinas.

Com o fim do Império Romano, conheceu-se nova crise. O Algarve e, com ele, o território portimonense, ficou entregue ao Império Bizantino, que não tinha condições para realizar uma administração eficaz. Assolado por ataques Vândalos, Suevos e Visigodos, terá visto os campos abandonados e o seu porto a entrar em declínio, até à chegada do próximo povo dominante.

Em 711, os Árabes chegam à região, dominando-a e administrando-a. O contacto permanente entre o Algarve e o resto do império islâmico, trouxe novo desenvolvimento. Origina-se a cultura dos citrinos, das amêndoas e do figo; estabelecem-se novas formas de produção e de recolha de água, surgem novas artes, intensifica-se a pesca e o comércio mercador.

Neste período, no exacto local onde se encontra o centro de Portimão (então com uma elevação muito mais suave do que actualmente), foi construída a localidade de al-Burtimûn, enquanto junto à ria se desenvolvia al-Bûr.
Al-Burtimûn, (ou Purtimunt, como escreviam os latinos) será a origem de Portimão, como o comprovam os achados e edificações desse período, ainda intactos e à espera da luz do dia, que se encontram mesmo por baixo dos nossos pés.

Em 1189, o território sofreu um novo golpe profundo. Uma força naval Cruzada destruiu completamente Alvor, matando mais de 5000 pessoas, fazendo algo de muito semelhante a Portimão. Privado de gente, barbaramente assassinada; com as edificações gravemente destruídas, essas localidades deixaram de ser atractivas, quase caindo no esquecimento. Apesar disso, D. Afonso III concedeu Foral a Portimão, ainda no Século XIII.

O grande sismo de 24 de Agosto de 1356, seguido de maremoto, sepultou a cidade, como antes já tinha acontecido a Portus Hannibalis. No entanto, terá sido uma sepultura “suave”, uma vez que permitiu que a cidade se mantivesse quase intacta até aos nossos dias, criando uma elevação artificial, sobre a qual foram construídos os actuais edifícios da parte antiga da cidade.

Só no Século XV se volta a falar em Portimão. Era, de certeza, a Aldeia Nova que surge no livro do Almoxarifado de Silves e a Vila Nova de Portimão a partir da elevação das muralhas, quase certamente edificadas sobre os antigos panos islâmicos. Era Vila Nova, porque estava edificada sobre a velha Portimunt.

No Século XV, aproveitando o seu potencial portuário e o desenvolvimento da actividade mercantil, nascida com o advento dos descobrimentos marítimos, Portimão desenvolveu-se rapidamente. Terra de chegada e de partida de viajantes e mercadores, abriu-se ao mundo, dele recebendo o que de melhor havia além-fronteiras e para todos os recantos mandando muitos dos seus filhos. Foi dessa diáspora portimonense que nasceram grandes vultos da humanidade, como Fernando Pessoa, Eça de Queiróz, Carlos Drummond de Andrade ou Simão Bolivar.

Com a inquisição, Portimão, terra de eleição de mercadores judeus, voltou a sofrer um duro golpe, com a partida para Amesterdão de muitas famílias poderosas e cultas. Daqui saíram homens de letras e ricos mercadores, que contribuíram para a projeção de Amesterdão e dos Países Baixos nos Séculos seguintes.

Em 1755, nova tragédia e novo rol de dificuldades afetam Portimão. A cidade é gravemente afetada pelo terramoto, caindo várias casas e edifícios senhoriais e morrendo muita gente. O terramoto terá destruído muito do património histórico e arquitetónico, mas a cidade, mais uma vez, esteve à altura dos desafios que nascem das contrariedades.

Das suas muralhas centenárias foram retiradas as pedras para as novas edificações, dos cemitérios saíram as pedras tumulares que serviram de suporte à Igreja Matriz.

No Século XIX, começa a industrialização, com os fumeiros, a cortiça e, mais tarde, com as indústrias conserveiras. O porto cresce em importância, com a exportação de vinho, frutos secos, madeira, cortiça e conserva.

A cidade conhece novo crescimento vertiginoso, recebendo gente de todo o Algarve, mas principalmente do interior, que desce a serra, em busca de novas oportunidades. Esse crescimento abrupto fez desenvolver o comércio, tornando-se Portimão uma das localidades mais importantes do Algarve.

Em 11 de dezembro de 1924, é elevada a cidade. A indústria conserveira é a principal actividade económica na primeira metade do século, mas entra em declínio posteriormente. Nasce uma nova crise, que abre uma nova oportunidade de desenvolvimento. O turismo, então em embrião, começa a ganhar força e a cidade não chega a cair na penúria.

O Sol e o Mar, associados a um bairrismo cativante, trazem turistas de todo o país, e, a partir dos anos 1950, de toda a Europa.

Com o 25 de Abril, Portimão torna-se destino de “retornados”. Recebe centenas de pessoas vindas de África, possibilitando-lhe novas condições de vida. Foi uma época difícil, de crise, que durou até aos anos 1980, mas que não abalou os alicerces firmes da cidade.

Com a adesão à União Europeia e a abertura de fronteiras, a cidade cresce no número de turistas e na oferta turística. Cresce em dimensão e em altura, muitas vezes com recurso a projetos de urbanização muito pouco recomendáveis urbanisticamente, que descaraterizaram a cidade turística dos anos 1960/1970, mas abriram novas potencialidades económicas locais.

Os primeiros anos do Século XXI projetam Portimão a nível nacional e internacional. Cidade de diferenciação à custa de eventos de grande projeção e mediatismo, sofreu obras de requalificação urbana, viu nascer uma marina e um autódromo, criou um centro de exposições condigno, um museu de nível europeu e um teatro digno de referência.

 Texto: Nuno Campos Inacio

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lenda de Dona Branca ou da Tomada de Silves aos Mouros




Reinava em Silves o inteligente e corajoso rei mouro Ben-Afan que, numa noite de tempestade, no intervalo das suas lutas contra os cristãos, teve um sonho extraordinário.

Um sonho que começou por ser um pesadelo, com tempestades e vampiros, mas que se tornou numa visão de anjos, música e perfumes e terminou pelo rosto de uma mulher, divinamente bela, com uma cruz ao peito.

No dia seguinte, Ben-Afan procurou a fada Alina, sua conselheira, que lhe revelou que tinha sido ela própria a enviar-lhe o sonho e que a sua vida iria mudar. Deu-lhe então dois ramos, um de flor de murta e outro de louro, significando, respectivamente, o amor e a glória.

Consoante os ramos murchassem ou florissem, assim o rei deveria seguir as respectivas indicações. Enviou-o ao Mosteiro de Lorvão e disse-lhe que lá o esperava aquela que o amor tinha escolhido para sua companheira: Branca, princesa de Portugal.

Para entrar no mosteiro, Ben-Afan disfarçou-se de eremita e o primeiro olhar que trocou com a princesa uniu-os para sempre. O rei mouro voltou ao seu castelo e preparou os seus guerreiros para o rapto da princesa. Branca de Portugal e Ben-Afan viveram a sua paixão sem limites, esquecidos do mundo e do tempo.

O ramo de murta mantinha-se viçoso, até que um dia D. Afonso III, pai de Branca, cercou a cidade de Silves e Ben-Afan morreu com glória na batalha que se seguiu. Nas suas mãos foram encontrados um ramo de murta murcho e um ramo de louro viçoso.

sábado, 2 de maio de 2009

Conhecer o Concelho de Portimão

Alvor
A descoberta, sobre a colina de Vila Velha que domina a Ria de Alvor, de um povoado neolítico com vestígios de ocupação romana posterior, comprova a longa história desta povoação.
Durante o domínio árabe, Alvor foi porto próspero. As muralhas que a defendiam foram palco de violentos combates quando o exército português, comandado pelo rei D. Sancho I, com a ajuda de Cruzados, a conquistou em 1189. Recuperada pelos muçulmanos em 1191, só aquando das campanhas de conquista do Algarve, em 1250, voltou ao domínio cristão.
Reconstruídas as muralhas em 1300, promovida a vila pelo rei D. João II, que nela viria a falecer em 1495, Alvor inseriu-se no período de prosperidade dos sécs. XV e XVI. O terramoto de 1755, porém, provocou grandes estragos e a antiga vila nunca mais recuperou o seu esplendor passado.
Alvor conserva muito do seu encanto de pitoresca vila de pescadores nas ruas de casas brancas e no colorido dos barcos que, após um dia de pesca, se reúnem à volta da antiga lota.

Igreja Matriz
Edificação do séc. XVI, reconstruída no séc. XVIII. O pórtico principal profusamente lavrado - um dos mais belos do Algarve - e o pórtico lateral são em estilo manuelino. Da construção primitiva são, também, as colunas que suportam as três naves, bem como o arco triunfal do altar-mor e as pias de água benta. Mais tardio, o retábulo de talha do altar-mor, com uma expressiva imagem do Senhor Jesus, em tamanho natural (séc. XVIII). Valioso também o painel representando o Salvador. A sacristia, anexa à igreja, é um antigo morabito árabe adaptado às novas funções.
Azulejos policromos com dois painéis figurativos - Lavagem dos pés e Cenáculo - do séc. XVIII, várias imagens e antigas sepulturas completam o espólio desta pequena, mas importante, igreja.
Do adro da igreja tem-se um excelente panorama sobre a Ria de Alvor, o casario e o mar em redor.










Castelo

Da fortaleza restam apenas dois troços da muralha com casas adossadas.







Morabitos de São João e de SãoPedro

Construções de forma cúbica, com cúpula esférica de influência árabe, estas ermidas evocam os morabitos muçulmanos usados como locais de enterramento de ascetas.

Séc. 11 - 12 - reinado almorávida durante o qual se terão, provavelmente, edificado os morábitos;

Séc. 16 - provável data reconstrução ou construção dos mesmos;

1790 - Com a visita do bispo D.

Francisco Gomes de Avelar é dado a conhecer que na capela de São Pedro (morábito de São Pedro), como na de São João (morábito de São João), não secelebrava missa;

1889 - restauro do Morábitode São Pedro;

1907 - Ataíde de Oliveira refere que no Morábito de São Pedro (designando-o por ermida) se recolhiam muitos ciganos e que no de SãoJoão funcionava uma escola feminina;

1979 - reconstrução dos Morábitos de São João e do anexo à Igreja Matriz; demolição das dependências anexas ao Morábito de São Pedro.



Abicada


Estação arqueológica romana na confluência de duas ribeiras. "Villa" (sécs. I/IV) com várias salas e peristilo, revestidos com mosaicos coloridos de formas geométricas e desenhos estilizados.

Alcalar
Importante necrópole do neolítico/calcolítico (2.000/1.600a.C.), com sepulcros de variada tipologia, desde câmaras megalíticas às de falsacúpula com nichos laterais. Perto, em Monte Canelas, outra necrópole.


Portugal é rico em vestígios megalíticos, sobretudo no Norte. São conhecidas várias antas e outro tipo de túmulos. No Algarve, não está identificado nenhum outro vestígio deste tipo para além dos de Alcalar.
Este conjunto de vestígios funerário é muito vasto, mas apenas está disponível para visita, em recinto gerido pelo IPPAR, o conjunto dos chama dos túmulos nº 7 e nº 9. O recinto, aberto em 2000, é de visita agradável, ocupado por vegetação mediterrânica. O espólio encontrado no local está espalhado por vários museus, em Lisboa, Figueira da Foz, Lagos e Portimão.


Trata-se de dois conjuntos funerários, do período calco lítico (3000 a 2500 a.C.). Num deles, decorrem presentemente escavações.

O outro está completamente reconstruído: é um conjunto religioso e tumular, com uma grande aglomeração de pedras a cobri-lo e protegê-lo. No centro tem uma pequeníssima câmara, completamente restaurada, de topo aberto, a qual seria de acesso reservado a druidas. Nela se procederia a sacrifícios e, sobretudo, talvez, à incineração de mortos de estratos socialmente superiores. Acede-se ao interior desta câmara por um corredor apto para Indiana Jones, muito baixo e estreito, onde um adulto tem dificuldade em passar. Fica orientado para o sol nascente.


Os túmulos são monumento nacional desde 23 de Junho de 1910.

Ficam localizados cerca de 4 quilómetros a norte da Mexilhoeira Grande, entre Portimão e Lagos. O acesso faz-se pela antiga EN125, da qual se desvia para norte, por alturas do hotel e do campo de golfe da Penina.


Mexilhoeira Grande
Povoação antiga, tradicionalmente ligada à agricultura e à exploração dos recursos da Ria de Alvor.


Igreja Matriz
Edifício em estilo renascença (séc. XVI) mas com duas portas laterais manuelinas.
Portal principal de grande sobriedade, com frontão triangular. Interior de três naves, com colunas de bases e capitéis lavrados. Arco triunfal com decoração naturalista e brasão de armas. No altar-mor, painel representando a Assunção. Na Capela do Santíssimo, um alto-relevo com a figura do Padre Eterno e um baixo-relevo com São Pedro e São Paulo. Imagens diversas. Alfaias sacras.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lenda das Amendoeiras - Algarve


Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.

Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.

Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.

O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.

O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.

O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:

- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!

Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.

- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!

A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

Lenda da Tomada de Faro aos Mouros

Parte das forças que atacaram o Castelo de Faro fora colocada no largo actualmente chamado de São Francisco, e estas forças eram comandadas por um brioso oficial, robusto e formoso rapaz, solteiro. Este oficial pôde ver, em certa ocasião, a formosa e gentil filha do governador mouro e dela ficou enamorado. Em certo dia conseguiu o oficial que a sua namorada o recebesse em curto rendez-vous dentro do castelo, combinando-se que o mouro intermediário lhe abrisse, alta noite, a porta, hoje da Senhora do Repouso.
À hora marcada, entrou o oficial no castelo e aí em doce colóquio se entreteve com a dama dos seus encantos. À hora de sair, acompanhou ela o seu querido namorado até à porta do castelo, levando consigo um irmão, criança de oito anos.
Quando se aproximaram da porta, disse-lhes o escravo que da parte de fora estava muita gente, pois que mais de uma vez lhes chegavam aos ouvidos vozes abafadas.
O oficial, segurando nos braços a moura gentil, viu-se em eminente perigo. Avançou para fora com a moura e, quase ao transpor a porta, hoje conhecida pela Senhora do Repouso, notou que tinha nos braços não uma formosa jovem, mas apenas uns farrapos, que se desfaziam à mais pequena e leve aragem.
Olhou para o lado pela criancinha e não a viu. Então teve a profunda e tristíssima compreensão da sua desgraça. Caiu no chão sem sentidos.
Nesse momento acudiram as forças do Mestre e de D. João de Aboim e os mouros tinham sido forçados a entregar o castelo, mediante uma avença com o Rei D. Afonso.


O oficial dirigiu-se à porta do castelo. Ao entrar pelo Arco da Senhora do Repouso viu ao lado esquerdo a cabeça de uma criança que se assomava por um buraco.
-O que fazes aí, menino?- perguntou o oficial, conhecendo o irmão da sua namorada.
- Estamos aqui encantados: eu e a minha irmã.
-Quem vos encantou?
-O nosso pai. Soube por uma espia que levavas nos braços a minha irmã acompanhada por mim e, invocando Allah, encantou-nos aqui no momento em que transpunhas a porta. Por atraiçoarmos a santa causa do nosso Allah aqui ficaremos encantados.
-Por muito tempo?
-Enquanto o mundo for mundo

Lendas do Algarve


A lenda dos sete cavaleiros

Afirma-se que, durante uma trégua entre cristãos e mouros, seis cavaleiros cristãos foram caçar no sítio das antas, perto de Tavira, vindo a ser assassinados pelos mouros. Os seus nomes eram D. Pedro Pires (Peres ou Rodrigues, comendador da Ordem de Santiago de Castela), Mem do Vale, Durão (ou Damião) Vaz, Álvoro (Álvaro) Garcia (ou Garcia Estevam), Estêvão (Estevam) Vaz (Vasques), Beltrão de Caia e mais um mercador judeu de nome Garcia Roiz (ou Rodrigues). O autor Cristóvão Rodrigues Acenheiro dá os nomes desses seis cavaleiros como sendo: D. Pedro Paes, Men do Valle, Duram Vaz, Alvaro Garcia, Estevam Vaz e Boceiro de Coja. Em represália por essas mortes, configurando o rompimento da trégua, é que os cristãos teriam promovido a conquista de Tavira.

Um outro episódio, também lendário, refere esta primitiva lenda: à época de Afonso IV de Portugal (1325-1357), por volta de 1328, Afonso XI de Castela impôs cerco a Tavira. Nessa ocasião, as forças castelhanas

“…tendo assentado arraial na Igreja de São Francisco. Num Sábado de madrugada e quando escolhia o melhor sítio pra assaltar as muralhas viu sobre a igreja de Santa Maria 7 enormes vultos com bandeiras nas mãos e nelas as armas do apóstolo Santiago. Espantado chamou os conselheiros que lhe disseram ser esses vultos os sete cavaleiros que morreram a quando da conquista de Tavira aos mouros e que eram os guardiões da cidade. O rei ao saber isto e por devoção aos cavaleiros mártires logo se tornou para o seu reino sem fazer mal algum em Portugal.” (Frei João de São José).

In: Wikipédia, a enciclopédia livre.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O BOLO "DOCE FINO"

Pasta de Amêndoa

Com os mais variados nomes - Pasta ou Massa de Amêndoa, Doce Fino, Massapão, Massapan ou Marzipan -, esta pasta permite fazer os mais diversos doces, como são: "Doce Fino Algarvio", Queijinhos de Amêndoa, Morgado, Rolhas de Maio, Paposecos -são moldados e colocados no forno a ganhar cor-, para cobrir e decorar bolos, etc.

Esta receita resultou de uma série de tentativas mais ou menos bem sucedidas, se não ficar bem à primeira, não desesperem... Tentem outras vezes, porque é com a experiência que se aprende.


Ingredientes:

500 gr Amêndoa pelada e muito bem moída
500 gr de Açúcar
Água q. b. para cobrir o açúcar


Para pelar a amêndoa:
Ferver água, tirar do fogo e juntar a amêndoa, esperar até arrefecer um pouco e descascá-la. Deixar secar um dia ou dois.

Confecção:
Moer a amêndoa 3 vezes na picadora tipo 1,2,3.


Pesar a amêndoa e colocar a mesma quantidade de açúcar num tacho e juntar a água.
Vai a lume brando. Deixar ferver até ponto fio* (vai-se mexendo de vez em quando, com a colher de pau, para ajudar a dissolver o açúcar).

Quando estiver em ponto de fio, junta-se a amêndoa, mexe-se rapidamente, até ficar uma pasta sem grumos. Tira-se do fogo.

Continua-se a mexer até arrefecer ao ponto de pudermos colocar as mão sem queimar: por esta altura a pasta já está durinha. Amassa-se sobre a pedra mármore (vai-se fazendo um rolinho, depois viram-se as pontas para dentro, sucessivamente, até a massa ficar firme e quase fria).

Acondiciona-se numa taça, de preferência de vidro, tapada. Nesta fase não guardar no frigorifico. Deixa-se descansar até ao dia seguinte. Moldam-se os bolinhos.

A restante massa guarda-se no frigorifico, em caixa bem fechada.
Não deve apanhar humidade. Tem um mês de validade.

Notas:
Não usar tacho de aluminio, pode ser de inox ou anti-aderente usado só para esse efeito, assim como a colher de pau.


Ponto de fio: A calda estará neste ponto se, molhando o dedo indicador na calda e unindo-o em seguida ao polegar e afastando-o, formar-se um fio quebradiço.
 
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