sábado, 2 de maio de 2009

Conhecer o Concelho de Portimão

Alvor
A descoberta, sobre a colina de Vila Velha que domina a Ria de Alvor, de um povoado neolítico com vestígios de ocupação romana posterior, comprova a longa história desta povoação.
Durante o domínio árabe, Alvor foi porto próspero. As muralhas que a defendiam foram palco de violentos combates quando o exército português, comandado pelo rei D. Sancho I, com a ajuda de Cruzados, a conquistou em 1189. Recuperada pelos muçulmanos em 1191, só aquando das campanhas de conquista do Algarve, em 1250, voltou ao domínio cristão.
Reconstruídas as muralhas em 1300, promovida a vila pelo rei D. João II, que nela viria a falecer em 1495, Alvor inseriu-se no período de prosperidade dos sécs. XV e XVI. O terramoto de 1755, porém, provocou grandes estragos e a antiga vila nunca mais recuperou o seu esplendor passado.
Alvor conserva muito do seu encanto de pitoresca vila de pescadores nas ruas de casas brancas e no colorido dos barcos que, após um dia de pesca, se reúnem à volta da antiga lota.

Igreja Matriz
Edificação do séc. XVI, reconstruída no séc. XVIII. O pórtico principal profusamente lavrado - um dos mais belos do Algarve - e o pórtico lateral são em estilo manuelino. Da construção primitiva são, também, as colunas que suportam as três naves, bem como o arco triunfal do altar-mor e as pias de água benta. Mais tardio, o retábulo de talha do altar-mor, com uma expressiva imagem do Senhor Jesus, em tamanho natural (séc. XVIII). Valioso também o painel representando o Salvador. A sacristia, anexa à igreja, é um antigo morabito árabe adaptado às novas funções.
Azulejos policromos com dois painéis figurativos - Lavagem dos pés e Cenáculo - do séc. XVIII, várias imagens e antigas sepulturas completam o espólio desta pequena, mas importante, igreja.
Do adro da igreja tem-se um excelente panorama sobre a Ria de Alvor, o casario e o mar em redor.










Castelo

Da fortaleza restam apenas dois troços da muralha com casas adossadas.







Morabitos de São João e de SãoPedro

Construções de forma cúbica, com cúpula esférica de influência árabe, estas ermidas evocam os morabitos muçulmanos usados como locais de enterramento de ascetas.

Séc. 11 - 12 - reinado almorávida durante o qual se terão, provavelmente, edificado os morábitos;

Séc. 16 - provável data reconstrução ou construção dos mesmos;

1790 - Com a visita do bispo D.

Francisco Gomes de Avelar é dado a conhecer que na capela de São Pedro (morábito de São Pedro), como na de São João (morábito de São João), não secelebrava missa;

1889 - restauro do Morábitode São Pedro;

1907 - Ataíde de Oliveira refere que no Morábito de São Pedro (designando-o por ermida) se recolhiam muitos ciganos e que no de SãoJoão funcionava uma escola feminina;

1979 - reconstrução dos Morábitos de São João e do anexo à Igreja Matriz; demolição das dependências anexas ao Morábito de São Pedro.



Abicada


Estação arqueológica romana na confluência de duas ribeiras. "Villa" (sécs. I/IV) com várias salas e peristilo, revestidos com mosaicos coloridos de formas geométricas e desenhos estilizados.

Alcalar
Importante necrópole do neolítico/calcolítico (2.000/1.600a.C.), com sepulcros de variada tipologia, desde câmaras megalíticas às de falsacúpula com nichos laterais. Perto, em Monte Canelas, outra necrópole.


Portugal é rico em vestígios megalíticos, sobretudo no Norte. São conhecidas várias antas e outro tipo de túmulos. No Algarve, não está identificado nenhum outro vestígio deste tipo para além dos de Alcalar.
Este conjunto de vestígios funerário é muito vasto, mas apenas está disponível para visita, em recinto gerido pelo IPPAR, o conjunto dos chama dos túmulos nº 7 e nº 9. O recinto, aberto em 2000, é de visita agradável, ocupado por vegetação mediterrânica. O espólio encontrado no local está espalhado por vários museus, em Lisboa, Figueira da Foz, Lagos e Portimão.


Trata-se de dois conjuntos funerários, do período calco lítico (3000 a 2500 a.C.). Num deles, decorrem presentemente escavações.

O outro está completamente reconstruído: é um conjunto religioso e tumular, com uma grande aglomeração de pedras a cobri-lo e protegê-lo. No centro tem uma pequeníssima câmara, completamente restaurada, de topo aberto, a qual seria de acesso reservado a druidas. Nela se procederia a sacrifícios e, sobretudo, talvez, à incineração de mortos de estratos socialmente superiores. Acede-se ao interior desta câmara por um corredor apto para Indiana Jones, muito baixo e estreito, onde um adulto tem dificuldade em passar. Fica orientado para o sol nascente.


Os túmulos são monumento nacional desde 23 de Junho de 1910.

Ficam localizados cerca de 4 quilómetros a norte da Mexilhoeira Grande, entre Portimão e Lagos. O acesso faz-se pela antiga EN125, da qual se desvia para norte, por alturas do hotel e do campo de golfe da Penina.


Mexilhoeira Grande
Povoação antiga, tradicionalmente ligada à agricultura e à exploração dos recursos da Ria de Alvor.


Igreja Matriz
Edifício em estilo renascença (séc. XVI) mas com duas portas laterais manuelinas.
Portal principal de grande sobriedade, com frontão triangular. Interior de três naves, com colunas de bases e capitéis lavrados. Arco triunfal com decoração naturalista e brasão de armas. No altar-mor, painel representando a Assunção. Na Capela do Santíssimo, um alto-relevo com a figura do Padre Eterno e um baixo-relevo com São Pedro e São Paulo. Imagens diversas. Alfaias sacras.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lenda das Amendoeiras - Algarve


Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.

Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.

Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.

O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.

O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.

O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:

- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!

Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.

- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!

A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

Lenda da Tomada de Faro aos Mouros

Parte das forças que atacaram o Castelo de Faro fora colocada no largo actualmente chamado de São Francisco, e estas forças eram comandadas por um brioso oficial, robusto e formoso rapaz, solteiro. Este oficial pôde ver, em certa ocasião, a formosa e gentil filha do governador mouro e dela ficou enamorado. Em certo dia conseguiu o oficial que a sua namorada o recebesse em curto rendez-vous dentro do castelo, combinando-se que o mouro intermediário lhe abrisse, alta noite, a porta, hoje da Senhora do Repouso.
À hora marcada, entrou o oficial no castelo e aí em doce colóquio se entreteve com a dama dos seus encantos. À hora de sair, acompanhou ela o seu querido namorado até à porta do castelo, levando consigo um irmão, criança de oito anos.
Quando se aproximaram da porta, disse-lhes o escravo que da parte de fora estava muita gente, pois que mais de uma vez lhes chegavam aos ouvidos vozes abafadas.
O oficial, segurando nos braços a moura gentil, viu-se em eminente perigo. Avançou para fora com a moura e, quase ao transpor a porta, hoje conhecida pela Senhora do Repouso, notou que tinha nos braços não uma formosa jovem, mas apenas uns farrapos, que se desfaziam à mais pequena e leve aragem.
Olhou para o lado pela criancinha e não a viu. Então teve a profunda e tristíssima compreensão da sua desgraça. Caiu no chão sem sentidos.
Nesse momento acudiram as forças do Mestre e de D. João de Aboim e os mouros tinham sido forçados a entregar o castelo, mediante uma avença com o Rei D. Afonso.


O oficial dirigiu-se à porta do castelo. Ao entrar pelo Arco da Senhora do Repouso viu ao lado esquerdo a cabeça de uma criança que se assomava por um buraco.
-O que fazes aí, menino?- perguntou o oficial, conhecendo o irmão da sua namorada.
- Estamos aqui encantados: eu e a minha irmã.
-Quem vos encantou?
-O nosso pai. Soube por uma espia que levavas nos braços a minha irmã acompanhada por mim e, invocando Allah, encantou-nos aqui no momento em que transpunhas a porta. Por atraiçoarmos a santa causa do nosso Allah aqui ficaremos encantados.
-Por muito tempo?
-Enquanto o mundo for mundo

Lendas do Algarve


A lenda dos sete cavaleiros

Afirma-se que, durante uma trégua entre cristãos e mouros, seis cavaleiros cristãos foram caçar no sítio das antas, perto de Tavira, vindo a ser assassinados pelos mouros. Os seus nomes eram D. Pedro Pires (Peres ou Rodrigues, comendador da Ordem de Santiago de Castela), Mem do Vale, Durão (ou Damião) Vaz, Álvoro (Álvaro) Garcia (ou Garcia Estevam), Estêvão (Estevam) Vaz (Vasques), Beltrão de Caia e mais um mercador judeu de nome Garcia Roiz (ou Rodrigues). O autor Cristóvão Rodrigues Acenheiro dá os nomes desses seis cavaleiros como sendo: D. Pedro Paes, Men do Valle, Duram Vaz, Alvaro Garcia, Estevam Vaz e Boceiro de Coja. Em represália por essas mortes, configurando o rompimento da trégua, é que os cristãos teriam promovido a conquista de Tavira.

Um outro episódio, também lendário, refere esta primitiva lenda: à época de Afonso IV de Portugal (1325-1357), por volta de 1328, Afonso XI de Castela impôs cerco a Tavira. Nessa ocasião, as forças castelhanas

“…tendo assentado arraial na Igreja de São Francisco. Num Sábado de madrugada e quando escolhia o melhor sítio pra assaltar as muralhas viu sobre a igreja de Santa Maria 7 enormes vultos com bandeiras nas mãos e nelas as armas do apóstolo Santiago. Espantado chamou os conselheiros que lhe disseram ser esses vultos os sete cavaleiros que morreram a quando da conquista de Tavira aos mouros e que eram os guardiões da cidade. O rei ao saber isto e por devoção aos cavaleiros mártires logo se tornou para o seu reino sem fazer mal algum em Portugal.” (Frei João de São José).

In: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 
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